segunda-feira, 7 de junho de 2021

Transcrições facebookianas sobre a Mostra Tiradentes 2021 - seção Aurora - dia 07: EU, EMPRESA (2021, de Leon Sampaio & Marcus Curvelo).


 

Estreou, finalmente, o longa-metragem que eu mais aguardava nesse festival... E superou as minhas expectativas: é ótimo!



Não escondo de ninguém a minha paixão e o meu fanatismo pelo Marcus Curvelo. Apesar de a caricatura intencional nem sempre sustentar-se muito bem em seus curtas-metragens, ele é sempre muito divertido na concepção tragicômica dos dilemas intelectuais de quem é suprimido pela lógica empreendedorista do capitalismo hodierno. Mas atinge o paroxismo da genialidade autocrítica e chistosa aqui: o momento em que ele canta "Mercy", do Shawn Mendes, numa praia, é, desde já, antológico. Uma das melhores metonímias da crise estrutural desse ano que ainda está no início...



O tom humorístico do filme é bem mais escrachado que as aparições anteriores do alter-ego Joder, que, aqui, convive lado a lado com o próprio Marcus (enquanto personagem). Aquilo que é ensaiado em A DESTRUIÇÃO DO PLANETA LIVE (2021) alcança um novo patamar. Não há mais o que esconder: o desespero encenado - e, em mais de um sentido, real - do protagonista tem tudo a ver com a persona cômica de Albert Brooks, com o qual ele guarda alguma semelhança física. Quem viu A VIDA COMO ELA É (1979), deleitar-se-á com o refinamento sardônico desta obra. Gargalhei altissonantemente, muitas vezes, por identificação desenfreada. "Se me oferecessem uma quantia considerável para comer merda, eu o faria", gaba-se o personagem. Eu, não! Kkkk



O modo como a aflição existencial da recusa de alguns serviços, noutras aparições de Joder, descamba para a submissão aos atropelos da uberização sub-empregatícia são mais que sintomáticos. E a progressiva importância concedida ao fascínio enganoso da fama cibermidiática erige o percurso que desemboca num desfecho sublime: não sabia se ria ou chorava, de tão inspirado que achei. Ma-ra-vi-lho-so!



Dentre os brindes acessórios, amei a participação do próprio sobrinho do diretor, Rodrigo Curvelo, numa seqüência esplendidamente documental, achei mui oportuna a abertura com "Tudo é Feito pra Gente Lacrar", do Negro Léo, e aplaudi de pé a interpretação do grande Aristides de Sousa, descoberta insigne de Affonso Uchôa. Filmaço. Já estou na torcida: vai, Joder, buscar o que é teu. Amo-te!



PS: alguém concederia-me a honra de apresentar-me a este astro supremo do novíssimo cinema brasileiro? (risos)


Wesley PC>


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