segunda-feira, 7 de junho de 2021

Transcrições facebookianas sobre a Mostra Tiradentes 2021 - seção Aurora - dia 05: A MESMA PARTE DE UM HOMEM (2021, de Ana Johann).


 

Pode parecer um pantim, mas, de todos os filmes anunciados à seleção competitiva deste ano, esse era o que eu mais tinha receio em conferir. Inicialmente, por causa da duração (ostensivamente superior aos títulos da mostra) e, posteriormente, por causa da trama genérica. Poucos amigos dispuseram-se a conferi-lo, inclusive, e os que fizeram tacharam o filme de fraco. Procrastinar esta sessão converteu-se numa obviedade...



Dispondo de uma brecha em meu cotidiano, assisti ao filme com certo atraso. E até que gostei! No início, as impressões confirmaram o aval negativo: parecia que o enredo assumia uma postura condenatória em relação à cumplicidade amedrontada de uma mulher, que passava da condição de vítima de um casamento abusivo em legitimadora da violência que sofre (e estende à sua filha). Até que algo acontece, e modifica sutilmente a composição da protagonista...



Em verdade, a impressão de trama genérica assume-se: já vimos algo parecido em pelo menos dois filmes franceses (um deles, baseado numa estória balzaquiana) e numa regravação hollywoodiana. Mas esta versão paranaense contém os seus agrados específicos. Ainda que permeados pela tendência à internacionalidade evasiva, metonimizada nas lembranças de um intercâmbio na Alemanha, por parte de um personagem semi-desmemoriado, e na canção em inglês dos créditos finais...



Não achei o filme fraco. É passivo-agressivo, mas o faz de maneira intencional. O ritmo é sobremaneira lento, mas goza de muita verossimilhança em relação à região erma que foi filmado. A garota Laís Cristina tem um bom desempenho, mas fica sufocada pelas interpretações exageradas de Irandhir Santos e Clarissa Kiste. O melhor ator do filme, entretanto, atende pelo nome de Luigi, o intérprete do cachorro Israel. Se houver uma láurea canina nesse festival, já temos um merecido vencedor!



Ao término da sessão, fica-se a impressão de algo perturbado, proveniente do desenvolvimento do enredo, que não explica tudo, deixa algumas pontas propositalmente soltas. Outras estão apertadas em excesso, não por acaso do lado feminino. Mas o título do filme clarifica aquilo que está em evidência. Gostei. Mexe com nossos preconceitos!



Wesley PC> 

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