Acerca desta trilogia de filmes, foi comentado por alguns exegetas que, se há um resumo da trama no começo e no fim de cada episódio, a estrutura narrativa corresponde à de uma minissérie. De fato, procede. Mas, se este segundo capítulo repete quase todos os defeitos produtivos do primeiro, beneficia-se de maior liberdade em relação ao seu terreno citacional: os títulos setentistas que ele homenageia obrigam a uma maior contenção sinóptica, visto que, como qualquer 'slasher movie', o acúmulo esperado (e até desejado) de assassinatos juvenis redimensiona as expectativas tramáticas. E isso permite que a diretora possa aproveitar melhor os demais componentes cinematográficos...
A fotografia, por exemplo, é muito mais cuidadosa: o fato de praticamente toda a ação ocorrer num acampamento florestal requer uma direção de arte esmerada, que emula rigorosamente o palco dos primeiros crimes cometidos pelo mítico Jason Voorhees (e/ou por sua mãe). Não é por acaso que os mapas são importantes para a condução do enredo. E fica-se muito mais interessado pelo terceiro filme da trilogia ao final: há algo de efetivamente curioso no deslindamento das condições de "justiçamento" da bruxa a quem são atribuídas as possessões psicopáticas de outros tempos...
Uma observação elogiosa deve ser feita em relação à trilha musical: o entulhamento de ótimas canções de época (numa velocidade tão acelerada que mal conseguimos reconhecê-las) cede gradualmente espaço climático aos temas sombrios compostos por Marco Beltrami e Brandos Roberts. E quem quiser levar o roteiro a sério pode encontrar uma valiosa pista na maneira como a canção "The Man Who Sold the World", de David Bowie, é executada. Pena que o roteiro insista em destacar os caprichos classistas dos personagens e em enfatizar a competição entre cidades vizinhas, havendo uma reiteração piegas do determinismo amaldiçoado numa delas. Será que isso será esclarecido no derradeiro filme, visto que sabemos que ambas as cidades provieram de uma única colônia de pioneiros? Agora, ansiamos por prosseguir!
Wesley Pereira de Castro.
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