Apesar da curta duração, são muitos os temas contidos neste documentário: o primeiro deles, evidente, é a busca por um personagem, visto que cubanos e venezuelanos não se sentem à vontade para serem entrevistados, em razão das violentas represálias noticiadas contra imigrantes em Roraima; o segundo, suspeitoso, é o acompanhamento da rotina de Hendy, haitiano que já fala com certa segurança o idioma português, e que detém o privilégio fílmico de ter uma câmera ligada, à sua espera, antes mesmo que ele entre em sua casa; o terceiro, ramificado em diversos outros, altera a expressão pronominal contida no título: ao invés do imediato “de onde”, temos também o “por quê” e o “para onde” vim…
Quando o diretor focaliza os ritos evangélicos haitianos, numa igreja comunitária para imigrantes francófonos, na cidade de Brusque, em Santa Catarina, muito é dito, para além do que é mostrado. Quando a professora Anelede é entrevistada, assumindo o diálogo com alguém por trás da câmera – até então, não encarada – o discurso fílmico chama atenção para si mesmo, mais que para os personagens, o que já era antevisto na saída da escola, em moldes lumiereanos. As notícias subpostas aos áudios de quem não consentiu em ser filmado, nos créditos finais, que o digam; as canções religiosas que evocam passagem bíblicas sobre diásporas, idem. Num documentário, o que não é visto talvez seja ainda mais importante do que é apresentado!
Wesley Pereira de Castro.
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