O personagem com maior tempo em cena chama-se François-Régis (Jean-Christophe Folly) e, apesar de ser o único negro do local, não é hostilizado por conta disso. Pelo contrário, ouve calado as muitas manifestações racistas, homofóbicas, xenofóbicas e misóginas de seus amigos. Concorda com muitas delas, em verdade, principalmente quando, ao assumir-se burguês, alega que "seus peidos são mais cheirosos que os dos outros". Os dilemas recorrentes de seus convivas são banais. Exemplo: um deles morre de medo de ter um ataque cardíaco enquanto defeca; outro frustra-se ao constatar que os times de futebol europeu diferenciam-se pouco entre si atualmente; um terceiro passa quase todo o tempo chorando, provavelmente porque uma mulher o abandonou. E assim as subtramas paralelas avançam, por mais de duas horas!
Obviamente, o filme possui virtudes dignas de nota: a longa seqüência explícita em que Cindy (Maryse Miège) masturba-se num lago, diante do computador em que conversa com seu namorado à distância, é primorosa. Idem quanto aos dissabores românticos do jovem roqueiro Lisandru (Joseph Castelliti). Entretanto, é muito difícil acompanhar um enredo tão intencionalmente incoeso, sem que consigamos afeiçoar-nos aos personagens ou entender as suas motivações iracundas (vide o incêndio que mata um grupo de ovelhas). Talvez numa revisão, o filme seja mais interessante. Mas cadê motivação para conferi-lo novamente, depois do enfado inicial?!
Wesley Pereira de Castro.
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